terça-feira, 3 de outubro de 2017

Incerteza, radicalismo e lideranças narcisistas

Ao longo da história houve inúmeros momentos em que o aumento da incerteza (do contexto, dos cenários, da economia) favoreceu o crescimento de lideranças narcisistas. Esses líderes têm impacto negativo nas competências de outras pessoas que o cercam e são facilmente confundidos com lideranças carismáticas. Nas organizações privadas eles têm impacto negativo no desempenho. Na área pública eles têm impacto negativo no desenvolvimento das instituições e na democracia. O narcisista é aquele que demonstra confiança suprema em si mesmo, forte tendência para a dominância, percepção inflada sobre as próprias competências, arrogância e forte extroversão. São egocêntricos, não tem empatia pelos outros, são extremamente competitivos. Mesmo que na superfície elaborem discursos orientados para as soluções que todos buscam, de fato tem uma preocupação centrada em si mesmos. Nas relações diretas, tendem a ser exploradores, extremamente sensíveis às criticas, egocêntricos e com um profundo sentimento de serem especiais ou escolhidos.
Nos contextos de incerteza, há uma demanda latente por força e confiança para sair da crise. O excesso de confiança dos narcisistas tende a ser confundido com força, certeza, inovação e visão.  Os seguidores, pouco confiantes nas suas próprias capacidades, olham para a projeção de certeza que os narcisistas elaboram e os seguem para ter a segurança de que alguém esta cuidando para que volte a ordem e para que se dissipe o caos.  Há a necessidade, por parte dos seguidores, de sentirem-se seguros. A busca por segurança elimina a busca pela razão, pela lógica, por análises robustas de cenários e por desejo de participação. A escolha desses líderes reforça a transferência de responsabilidade e a infantilização dos seguidores.
A busca pela certeza leva a busca por ortodoxias de pensamento. E isso leva ao conflito, que reforça a sensação de caos e a busca por líderes narcisistas, que usam discursos simplórios, com palavras-chave dessas ortodoxias de pensamento, em um circulo vicioso que destrói capacidade de enfrentamento real dos problemas.
Autores do séc. XIX, que viviam outro contexto e outros desafios, viraram bíblias, textos sagrados com verdades reveladas, tanto para seguidores da esquerda quanto da direita.  Nas organizações privadas, aboliram-se as referências. Há um líder “interpreta” o que todos devem fazer sem consultar ninguém a não ser as próprias certezas (narcísicas).

Eu estou fazendo fantasias ou mais alguém está observando esse fenômeno, tão bem estudado na literatura, se instalando entre nós?
Incerteza, radicalismo e lideranças narcisistas

Ao longo da história houve inúmeros momentos em que o aumento da incerteza (do contexto, dos cenários, da economia) favoreceu o crescimento de lideranças narcisistas. Esses líderes têm impacto negativo nas competências de outras pessoas que o cercam e são facilmente confundidos com lideranças carismáticas. Nas organizações privadas eles têm impacto negativo no desempenho. Na área pública eles têm impacto negativo no desenvolvimento das instituições e na democracia. O narcisista é aquele que demonstra confiança suprema em si mesmo, forte tendência para a dominância, percepção inflada sobre as próprias competências, arrogância e forte extroversão. São egocêntricos, não tem empatia pelos outros, são extremamente competitivos. Mesmo que na superfície elaborem discursos orientados para as soluções que todos buscam, de fato tem uma preocupação centrada em si mesmos. Nas relações diretas, tendem a ser exploradores, extremamente sensíveis às criticas, egocêntricos e com um profundo sentimento de serem especiais ou escolhidos.
Nos contextos de incerteza, há uma demanda latente por força e confiança para sair da crise. O excesso de confiança dos narcisistas tende a ser confundido com força, certeza, inovação e visão.  Os seguidores, pouco confiantes nas suas próprias capacidades, olham para a projeção de certeza que os narcisistas elaboram e os seguem para ter a segurança de que alguém esta cuidando para que volte a ordem e para que se dissipe o caos.  Há a necessidade, por parte dos seguidores, de sentirem-se seguros. A busca por segurança elimina a busca pela razão, pela lógica, por análises robustas de cenários e por desejo de participação. A escolha desses líderes reforça a transferência de responsabilidade e a infantilização dos seguidores.
A busca pela certeza leva a busca por ortodoxias de pensamento. E isso leva ao conflito, que reforça a sensação de caos e a busca por líderes narcisistas, que usam discursos simplórios, com palavras-chave dessas ortodoxias de pensamento, em um circulo vicioso que destrói capacidade de enfrentamento real dos problemas.
Autores do séc. XIX, que viviam outro contexto e outros desafios, viraram bíblias, textos sagrados com verdades reveladas, tanto para seguidores da esquerda quanto da direita.  Nas organizações privadas, aboliram-se as referências. Há um líder “interpreta” o que todos devem fazer sem consultar ninguém a não ser as próprias certezas (narcísicas).

Eu estou fazendo fantasias ou mais alguém está observando esse fenômeno, tão bem estudado na literatura, se instalando entre nós?

A diferença entre líderes narcisistas e os líderes capazes de produzir resultados coletivos extraordinários está na orientação para os resultados coletivos, no compromisso e comprometimento com uma causa e forte empatia por aqueles que desejam colaborar com ela. São capazes de distribuir poder e influência, abrindo espaço para a colaboração e cooperação. Com isso, expandem a sua zona de influencia para muito além do que é possível com controle e monitoramento direto.
Há uma relação direta entre esse tipo de liderança e o desenvolvimento das potencialidades do conjunto. Há uma relação inversa entre a liderança narcisista e os mesmos resultados. A liderança narcisista atrofia a capacidade de colaboração, e, portanto de desenvolvimento daqueles que estão próximos.

Confundem-se facilmente os narcisistas com os verdadeiros líderes porque há características comuns: autoconfiança, extroversão e propensão a influenciar o comportamento dos outros. Para diferenciar, é preciso ver: qual a missão, a visão de mundo e o caminho que o individuo aponta! Qual é a sua trajetória de vida e como ele se relaciona com a complexidade: subestima e simplifica ou constrói coalisões para enfrentar os desafios? E se ele tem uma visão clara de como os outros podem colaborar com ele e abre espaço para a colaboração e para o crescimento dos outros. Quem simplifica a complexidade, subestima os desafios, tem muitas certezas e não dialoga, é um narcisista sem dúvidas.

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