Democracia,
liberdade e interdependência dependem da nossa capacidade de dialogar. Seus
inimigos são os que não dialogam.
Conta-se uma história, e já não sei quem conta e nem onde a ouvi, que um grupo de sábios, com os olhos vendados, tocavam um elefante com a mão e tentavam descreve-lo. Havia os que tocavam a tromba. Os que tocavam o rabo. Os que tocavam as pernas e outros que tocavam seu corpo pesado e gigantesco. Com venda nos olhos conseguiam enxergar, através da imaginação, apenas aquela parte em que as mãos alcançavam. Os que tocavam a tromba, o rabo e as pernas engajaram-se em fortes debates sobre a grossura do animal. O que tocava a tromba e o que tocava o rabo perceberam que tinham “visões de mundo” semelhantes. E criaram uma tribo. Aquele que tocava a perna, grossa o suficiente para não se confundir com a tromba e o rabo, mas fina o suficiente para não se confundir com o tronco, ficava perdido tentando compreender as diferenças que os dois outros grupos gritavam ser óbvias. Isolado no centro, hora concordava com um lado, hora concordava com o outro, mas via que as discordâncias eram de certa forma irreconciliáveis.
Conta-se uma história, e já não sei quem conta e nem onde a ouvi, que um grupo de sábios, com os olhos vendados, tocavam um elefante com a mão e tentavam descreve-lo. Havia os que tocavam a tromba. Os que tocavam o rabo. Os que tocavam as pernas e outros que tocavam seu corpo pesado e gigantesco. Com venda nos olhos conseguiam enxergar, através da imaginação, apenas aquela parte em que as mãos alcançavam. Os que tocavam a tromba, o rabo e as pernas engajaram-se em fortes debates sobre a grossura do animal. O que tocava a tromba e o que tocava o rabo perceberam que tinham “visões de mundo” semelhantes. E criaram uma tribo. Aquele que tocava a perna, grossa o suficiente para não se confundir com a tromba e o rabo, mas fina o suficiente para não se confundir com o tronco, ficava perdido tentando compreender as diferenças que os dois outros grupos gritavam ser óbvias. Isolado no centro, hora concordava com um lado, hora concordava com o outro, mas via que as discordâncias eram de certa forma irreconciliáveis.
Penso nas
minhas aulas de história na faculdade onde falávamos sobre quantos séculos o
ser humano precisou conviver com a violência para reconhecer o valor da
alteridade. Como foram longos e dolorosos os percursos intelectuais e
filosóficos para que pudéssemos viver em paz com os vizinhos.... Milênios foram
necessários para reconhecermos que o diferente não era bárbaro e não merecia
nem a morte nem a escravidão. Que eram só diferentes e que, mesmo assim, as
diferenças, se prestássemos atenção, eram muito menores do que as semelhanças.
Como os
sábios que tocam o elefante não conseguiam perceber que eram humanos em
condições muito semelhantes, vendo a partir de perspectivas diferentes uma
mesma realidade.
Penso em
quantos séculos e quantos sábios, educadores e filósofos foram necessários para
nos alertar sobre o papel da razão, da perspectiva e das emoções na formação
dos nossos modelos mentais. Todos humanos, com informação imperfeita, olhando o
mundo por uma perspectiva limitada e fortemente movido pelas próprias emoções.
Olho para nós mesmos hoje.... Como, movidos por emoções, facilmente optamos
pelo caminho fácil da volatilidade emocional e parecemos dispostos a jogar toda
essa história para fazer com que se imponha a nossa visão de mundo…. Muitos
falam sobre o papel da liberdade. Concordo com isso. É difícil pensar na
felicidade sem liberdade. Mas não há liberdade humana sem responsabilidade. As
crianças e os loucos não são livres. A
liberdade é um longo exercício, que só se completa com a responsabilidade, o
autocontrole e o cuidado com o impacto das suas ações na sociedade. Não é
possível defender a liberdade sem a consciência do impacto do próprio papel e
das próprias ações no comportamento dos outros. Não é possível defender a
liberdade para si e não para todos. E não é possível defender a liberdade sem
defender a lei. Não há liberdade no estado da natureza. Não há liberdade no
caos. A liberdade é produto da interdependência, que ao mesmo tempo a limita e
a possibilita. A liberdade humana é situada e é tão maior quanto mais
responsáveis somos. Autonomia significa auto + nomos= a capacidade de dar a si
mesmo a lei e participar na sua elaboração e evolução. Diálogo com empatia são
fundamentais para isso. Controle das emoções, a busca pela razão e escuta ativa
são o caminho. É óbvio. Mas não custa relembrar.
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