sexta-feira, 24 de junho de 2016


A dicotomia entre direita e esquerda está ultrapassada. É necessário abrir espaço para o Novo....

 

Nunca foi tão verdade que o indivíduo é o único gerador de riquezas, o livre mercado é fundamental para a dinâmica da inovação e da produção de valor e o agente de mudanças. E de que precisamos ser responsáveis por nossas ações e nossas escolhas.

O controle centralizado é absolutamente incapaz de produzir resultados em um mundo complexo e imprevisível, com uma enorme incerteza, um grande número de inovações disruptivas e várias formas possíveis de escolher viver a própria vida.

                Uma das perguntas que mais ouço ultimamente é se sou de direita. Quando digo não necessariamente, perguntam se sou então de esquerda. Digo que nem um nem outro. Me perguntam então se sou de centro. Ora! Também não. As formas de pensar a política nos séculos XVIII e XIX simplesmente não são adequadas ao século XXI.  Elas simplesmente não funcionam para a sociedade do conhecimento, da inovação, da integração em redes, das dinâmicas colaborativas.

 
                Explico as razões abaixo:

 
Há dois pensamentos estruturantes da noção de direita e da esquerda: a ideia de que a direita é a favor do capital e a esquerda a favor do trabalho. A direita é a favor dos ricos e a esquerda a favor dos pobres. Logo: A ideia de que a defesa dos interesses dos trabalhadores onera as empresas e que as empresas têm interesse em explorar os trabalhadores. Há a ideia de que a direita defende o egoísmo individualista e a esquerda a solidariedade altruísta. Há a ideia de que liberdade é uma agenda de direita (exceto pelo anarquismo e anarcossindicalismo) e o Estado forte é do interesse dos pobres. Há, também, a ideia, e essa acho particularmente absurda nos dias de hoje, de que as elites têm interesse na pobreza e dela se beneficia.

 

Ora:

A noção da esquerda de que o capital (e o capitalismo como sistema derivado da acumulação desse) tem interesses opostos ao trabalho está baseada na ideia desenvolvida por Marx de que a propriedade dos meios e instrumentos de produção permite aos capitalistas extraírem mais-valia do trabalho, dado que o trabalhador só teria a força dos braços para vender e precisaria do capital para trabalhar. Essa noção perde a relevância quando a economia passa a ser cada vez mais conhecimento-intensiva e o conhecimento, que se torna o principal ativo dessa economia, pertence ao trabalhador. Vimos pessoas como Bill Gates e Steve Jobs criarem empresas gigantescas com as inovações que conseguiram pensar. A barreira do capital praticamente desparece na sociedade orientada pela inovação.

Empresas que constroem sua atuação baseada em trabalho mal remunerado são pouco competitivas e tendem a não resistir à competitividade do mercado atual. Uma economia fortemente construída sobre essas bases é extremamente frágil. Essas são, cada vez mais, uma realidade nos mercados fechados, protegidos por um Estado que promove a sobrevivência dos menos eficientes, onde há mais corrupção e mais oportunismos.

Na ausência de uma educação mais estruturante da dinâmica do conhecimento o pobre fica pobre não porque isso é bom para a elite, mas porque fica excluído da economia. Não há quem ganhe com isso em uma econômica competitiva. Pelo contrário: a pobreza e a exclusão favorecem ao crime, à violência e a desorganização das cidades. E isso é ruim para todo mundo.

Mais qualidade de educação, pelo contrário, é bom para as empresas e para todos os indivíduos. Nos países com mais liberdade e qualidade de educação, a pobreza foi praticamente eliminada.

Pensar em termos de direita e esquerda é pensar em termos de jogos ganha-perde. Para alguém ganhar, o outro tem que perder. Na sociedade do conhecimento e da inovação, quanto mais indivíduos capazes tivermos, mais todos ganham. É uma outra mentalidade, uma nova forma de olhar para a vida em sociedade e para a economia. Sem liberdade, os indivíduos simplesmente não conseguem fazer bem o que precisam para ser produtivos e colaborativos, ao mesmo tempo, sociedades intensivas em conhecimento funcionam assim, de forma interdependente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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