quinta-feira, 19 de maio de 2011

O caminho para a mudança


Original publicado em 19/05/11
O maior desafio da mudança organizacional e do alinhamento via cultura organizacional é a transformação das pessoas. Mas isso não pode ser feito aumentando as atribuições e as obrigações. Não se pode encher recipientes que já estão transbordando. O risco do burnout, da fadiga crônica, o stress que faz com que o indivíduo não tenha paciência para ouvir uma frase completa está cada vez mais próximo de muitos de nós, tendo hoje que lidar com uma complexidade não domesticada. O contexto atual é árido demais para que as sementes da mudança floreçam. Há que se reconstruir caminhos.
A direção precisa ser a oposta: a da busca pelo equilíbrio, tranquilidade e paz, capazes de nos devolver as potencialidades perdidas pela pressa e pela pressão. Nesse cenário, foi uma alegria encontrar o pequeno livro "Pedagogia da Ternura", do Luiz Schettini Filho. Ao contrário do que parece é um livro forte. Tem a força de uma verdade que nos toca profundamente. O curioso é que o descobri na mesma semana em que a Editora Escala coloca nas bancas a revista "Hitler, Simbologia e Ocultismo", que mostra que a resposta para as nossas inquietações não pode ser uma "espiritualidade" genérica. Hitler era um individuo conectado com o mundo espiritual. Acreditava no mundo místico e seus poderes. A pedagogia da ternura, embora não seja um livro sobre espiritualidade, nos reconecta com a dimensão do amor ao outro que é fonte da força capaz de desvelar potencialidades ....  uma intenção de fundo que o autor nitidamente compartilha com outro grande educador brasileiro que foi Paulo Freire - a de promover o ser humano no sentido mais humanista do termo. Eu recomendo a leitura. Dos dois, aliás. São gotas de paz capazes de acalmar nossos corações turbulentos.

Nota explicativa de 12 de Agosto de 2016

Prezados Leitores, poucos textos causaram mais polemica na minha vida do que esse, escrito em 2012 em um contexto muito diferente do que vivo hoje. Hoje, em plena campanha eleitoral, as pessoas olham para esse texto em busca de alguma perversão de caráter que me desqualifique para a politica. Muitos me acusam de defender Hitler e se, portanto, anti-semita (o que é um verdadeiro absurdo, pois tenho uma profunda admiração pela cultura judaica) e defendo, em todos os meus textos, o valor da multiculturalidade e da interculturalidade para a construção de uma cultura de paz. E de citar Paulo Freire, portanto de ser uma comunista, coletivista, esquerdista que não deveria estar em um partido que defende a liberdade de mercado e do individuo.
Decidi não retirar o texto do blog. Não tenho nada a esconder e não vejo razão para mentir ou fugir. Mas como tenho responsabilidade com o Partido e com todo o esforço daqueles que o trouxeram até aqui, achei melhor explicitar o contexto para evitar futuros mal-entendidos.

Esse texto foi publicado numa época em que o blog era lido pelos meus alunos. Havíamos discutido duas questões em sala de aula:
1) O desafio da gestão da mudança.
2) O peso da cultura organizacional nesses momentos.

Foi em um momento em que os suicídios de executivos do setor de Telecomunicações na França chamavam atenção do mundo. Discutíamos também o suicídio de executivos Japoneses quando da quebra de bancos no país. A questão era: o que causava isso e o que as empresas poderiam fazer.
Haviam muitos psicólogos na turma e pessoas de gestão de pessoas. Liamos sobre o sofrimento no mundo do trabalho e outros temas. A disciplina relacionava gestão de pessoas aos desafios da performance empresarial.
Havia uma tendência, e ainda há, em alguns campos da administração, de falar em espiritualidade e gestão. Tínhamos falado sobre isso. Sobre o sentido da vida, a espiritualidade, o sofrimento no trabalho e o suicido. Recomendei a leitura do "Pedagogia da Ternura" para discutir a sua aplicabilidade à educação de executivos. E o Paulo Freire idem - pois ele tem um texto fantástico para ajudar o educador a ser um facilitador, para o educando, da leitura do contexto social onde se vive e ajudar a construir um universo de escolhas melhores, para que sejam mais livres e mais capazes de organizar a subjetividade. Cito Hitler aqui para chamar a atenção para o RISCO DE FALAR DE ESPIRITUALIDADE ACHANDO QUE NÃO HÁ RISCOS! O objetivo era apontar para a possibilidade de usar a espiritualidade para prejudicar o outro, dominá-lo ou seduzi-lo para reduzir a sua possibilidade de leitura critica do ambiente, o que seria ruim nas organizações. A critica sobre  cultura é importante para que executivos exerçam o seu papel como lideres na organização e promovam as mudanças necessárias. Note que Hitler acreditava no mundo espiritual e aberto ao ocultismo, mas fazia isso para dominar, controlar e destruir. O texto indica a necessidade da orientação para o outro, para o amor, como bussola. Para a importância de ter uma orientação para o desenvolvimento da pessoa e da sua capacidade de construir um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
Para um texto meu mais elaborado sobre espiritualidade e gestão ver no livro:
Migueles, Carmen & Zanini, Marco Tulio (orgs). Liderança Baseada em Valores. Rio de Janeiro, Editora Campus, 2009. Cap. 2.

9 comentários:

  1. Paulo freire um grande educador, é isso mesmo?

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  2. Paulo freire, grande educador ?...pelo visto o novo já nasce bem velho e esclerosado

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Seja direta, Carmen: Hoje, a sra. continua acreditando que Paulo Freire é um "grande" educador? Caso sim, por que continua considerando Paulo Freire "um grande educador", um sujeito que disse que seu método foi concebido por revolucionários e para formar revolucionários? Como considerar esse homem um "grande" educador quando é nítido que suas ideias são inspiradas em escritos e na prática revolucionária de ditadores e genocidas como Fidel Castro e Mao Tse Tung?? A sra. precisa se manifestar e explicar se continua a defender semelhante sentença ou não. Sua nota explicativa fica vaga. Eu, sinceramente, espero acreditar que a sra. tenha falado isso ingenuamente/inocentemente por não conhecer em profundidade a questão desse sr. que causou tanto prejuízo à educação brasileira. Os textos de Olavo de Carvalho a respeito de Freire são recomendadíssimos!

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  5. Fico grata por teu esforço em explicar a frase sobre Hitler, que antes não esclarecia que era negativa. Isso era importante para mim e para a minha comunidade judaica pois estamos envolvidos no NOVO até o nariz. Quanto à Paulo Freire, entendo tua impessoalidade acadêmica mas como já disse antes, não acredito que a personalidade e a obra dele possa ser colada a um partido como o Novo sem consequências nefastas à credibilidade do discurso dele. A pedagogia que a senhora defende foi uma ferramenta essencial para permitir a loucos insanos e poderosos de construir uma nova interpretação da realidade desconectada dos valores morais e éticos que a humanidade demorou milênios para desenvolver. O resultado de dezenas de milhões de vidas ceifadas e destruídas pelos homens que ele abertamente admirava não é uma Boa prerrogativa ao que nos espera. Vemos essa mesma desconexão hoje em uma geração ainda jovem mas já perdida dentro de sua esquizofrenia formada pela interpretação construtivista à lá Paulo Freire. Que os céus nos protejam quando elas chegarem no poder.

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  6. Fico grata por teu esforço em explicar a frase sobre Hitler, que antes não esclarecia que era negativa. Isso era importante para mim e para a minha comunidade judaica pois estamos envolvidos no NOVO até o nariz. Quanto à Paulo Freire, entendo tua impessoalidade acadêmica mas como já disse antes, não acredito que a personalidade e a obra dele possa ser colada a um partido como o Novo sem consequências nefastas à credibilidade do discurso dele. A pedagogia que a senhora defende foi uma ferramenta essencial para permitir a loucos insanos e poderosos de construir uma nova interpretação da realidade desconectada dos valores morais e éticos que a humanidade demorou milênios para desenvolver. O resultado de dezenas de milhões de vidas ceifadas e destruídas pelos homens que ele abertamente admirava não é uma Boa prerrogativa ao que nos espera. Vemos essa mesma desconexão hoje em uma geração ainda jovem mas já perdida dentro de sua esquizofrenia formada pela interpretação construtivista à lá Paulo Freire. Que os céus nos protejam quando elas chegarem no poder.

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  7. Faço as palavras da Naomi as minhas palavras. Antes de criticar tomei o cuidado de confirmar se o que estava sendo dito na internet era verdadeiro. Realmente lamentável a postura da candidata em indicar o livro de uma figura nefasta como Paulo Freire. E nesta pesquisa ainda descobri que a Carmen Migueles é contra o uso de armas de fogo pela Guarda Municipal. Postura lamentável. Quero ver qual guarda municipal aceitará ir para as ruas desarmado. Quer se aproximar da comunidade? Utilize as escolas, não a polícia. Ou a Carmen está no partido errado ou o NOVO já nasceu com ideias velhas.

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