terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Responsabilidade social X responsabilidade cultural: buscando soluções que funcionem em nosso contexto

Um livro para o paradoxo brasileiro

Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira

O paradoxo brasileiro, um país rico com uma população extremamente pobre, impõe a todos nós o desafio premente de combater a desigualdade social. Mas como fazer para que a pujança econômica se traduza em bem-estar social? Essa é a questão que Carmen Pires Migueles enfrenta neste livro brilhante.
A obra traz para o centro do debate não mais as velhas lamúrias por políticas que dependem de governos transitórios, mas a construção de ações fundadas na responsabilidade social e na responsabilidade cultural.
O livro é fruto do pensamento gerado pelo Instituto Juan Molinos, instituição cujo nome homenageia um dos mais brilhantes engenheiros que esse país já teve, pai da autora Carmen. Tive o prazer de conhecer Juan Molinos, homem que soube sempre transformar seu otimismo e energia inesgotáveis em ações concretas por um Brasil melhor.
Nascido na Espanha e naturalizado brasileiro, Juan Molinos teve sua carreira profissional ligada a Duque de Caxias, cidade que é uma síntese extrema do perverso paradoxo brasileiro, pois figura entre as dez maiores economias municipais do país e ao mesmo tempo ostenta a 1.782ª posição no ranking nacional de IDH. Isso significa um cenário em que grandes empresas são vizinhas de uma população com baixa escolaridade e  cuja juventude tem poucas perspectivas de romper o ciclo da miséria.

O engenheiro, especialista na construção de grandes complexos industriais, foi diretor da COPESUL, COPENE e superintendente da Petroflex, em Duque de Caxias.
Posições que conquistou por méritos próprios, por sua crença no estudo, e pela eficiência de seu trabalho. Essa experiência de superação pessoal é o exemplo de vida que o Instituto Juan Molinos quer tornar possível aos jovens da Baixada Fluminense. As ações do Instituto, que encontram neste livro a sua linha de orientação, têm muita sintonia com o trabalho e o pensamento do Sistema FIRJAN. Para nós, o debate dosproblemas empresariais só faz sentido no âmbito da discussão das demandas e carências de toda a sociedade. Por isso definimos nossa atuação tendo como objetivos estratégicos o aumento a competitividade das indústrias fluminenses e a implementação de ações de responsabilidade social, principalmente nos setores de educação e saúde. Em educação, nosso foco é a inclusão social. Na saúde, prevenção. Quando falamos em incrementar a competitividade industrial, nossa meta é ampliar o emprego e propiciar distribuição de renda.

Carmen destaca em seu livro a importância da cultura para a construção da autonomia dos indivíduos. De fato, a valorização do patrimônio cultural promove o fortalecimento da própria identidade dos cidadãos, que passam a ser entes políticos mais conscientes e capazes de construir seu próprio destino. A autora também aponta a necessidade de ampliar a transparência, como condição básica para uma gestão pública mais eficiente. Recomendo a leitura deste livro a todos que se preocupam com a realidade de nosso país e que desejam encontrar soluções para políticas efetivas de inclusão social. Suas idéias, originais e factíveis, têm o potencial transformador que sempre esteve presente na vida do inesquecível Juan Molinos.

Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira é presidente do Sistema FIRJAN
(FIRJAN, CIRJ, SESI, SENAI e IEL).

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